quarta-feira, 19 de outubro de 2011

cola libere a cola método Descartes

SALVE A “COLA”!

A COLA ESCOLAR COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA


No exercício do magistério sempre se travou uma renhida e incessante batalha contra a perseguida “cola”.

Na aplicação de uma prova temos, de um lado, o atento e itinerante mestre, locomovendo-se entre as carteiras e ligadíssimo a qualquer movimento dos alunos. Todo movimento gera suspeição. Do outro lado, o habilidoso e matreiro aluno. Agora adversários. Cada um medindo o outro. Uma medição rigorosamente calculada! Ao menor descuido do atento e vigilante professor, a “cola” se consuma. É como um raio: Cochilou, colou!

O sábio e saudoso professor da USP, Isaac Nicolau Salum, perguntado sobre o que era “colar grau”, parodiando o verbo “fero - fers”, responde: “colar o grau” nada mais é que a última cola que o aluno faz.

Não há como vencer a “cola”. Ela é imbatível! A empreitada, ainda que renhida, é inglória. Arteira e caprichosa; engenhosa e simulada; criativa e astuta lá vai ela seguindo o seu caminho, cumprindo o seu glorioso destino. Realmente, não há como vencê-la. Também nem há razão para isso.
Ela já se converteu em patrimônio da mocidade estudantil: Cochilou, colou!

Dia de prova. Lá vai o pobre professor exercitar agora o incompatível ofício de fiscal.

Debalde as ameaças: dar zero, tomar a prova, expulsar da sala. A “cola” vence! É como o fígado de Prometeu: Por mais que a ave teime em devorá-lo, ele renasce triunfante e desafiador.

Meditando, pois, sobre a cola, concluí que ela não é um mal.
Será um bem?
Ou nem uma coisa nem outra?

Ao fim, ela acaba por ser um bem! E um bem valioso. Sobre ser um bem pedagógico, é patrimônio da juventude estudantil. Estudiosa ou não - mas estudantil! Não raro mais estudantil que estudiosa.

Então me aderi à cola. Não só me aderi como me tornei um entusiasta dela e seu defensor. De antagonista a aliado! Tudo por uma simples questão cartesiana - o método.

Estou com Descartes, tudo é uma questão de método. Uma redundante manifestação de amor sufoca e aborrece; uma pontinha de desprezo cativa e aproxima. É o método, repita-se, mesmo que enfadonho.

No “Discurso sobre o Método”, diz Descartes que “o bom senso é a coisa melhor dividida (sic) no mundo, pois cada um se julga tão bem dotado dele que ainda os mais difíceis de serem satisfeitos em outras coisas não costumam querê-lo mais do que têm. E, a este propósito, não é verossímil que todos se enganem; isso prova, pelo contrário, que o poder de bem aquilatar e diferenciar o vero do falso, quer dizer, o chamado bom senso ou a razão, é naturalmente igual em todos os homens e assim, que multiplicidade de nossas opiniões não deriva do fato de uns serem mais razoáveis do que outros, porem somente do fato de encaminharmos nosso pensamento por diversos caminhos”.1 Os caminhos são os métodos.

E não é de hoje que se recomenda o bom método. Nem é só Descartes que o receita: Terêncio, repetindo Quílon aconselhava: “ne quid nimis”, nada em excesso. Também Salomão no Eclesiastes adverte que “há tempo de amar e tempo de aborrecer...Não é falta de tempo, mas sim de discernir o tempo do tempo.” Ainda o método!

Dispensando à “cola” um tratamento novo e direcionando-a para uma atividade produtiva, não há como desprezá-la nem por que combatê-la. A adesão se impõe e a preserva!

Aderindo-nos a ela e tomando-a como processo pedagógico, estaremos todos, aluno e professor, tirando grande proveito desse maltratado procedimento..

Como se verá, a “cola” bem administrada se converte num valioso processo de aprendizagem.

E como se processa essa boa administração?

Em primeiro lugar, não tomando a “cola” como um ato pontual ou momentâneo – mas como um processo tomado desde a sua gestação e acompanhado durante todo o seu desenvolvimento. E em que consiste esse processo? Em atos encadeados em desenvolvimento sucessivo. O pleonasmo é enfático, pois não há desenvolvimento recessivo nem processo retroativo.A ênfase é didática.

O processo da “cola” tem início com a elaboração paulatina e o quanto possível exaustiva, por parte do aluno, de apontamentos e notas de aula, enriquecidos com pesquisa sobre o assunto, feitas com total liberdade por cada estudante, para consulta ou “cola”, como queiram, na feitura da prova.

Cada aluno só poderá “colar” do material elaborado por ele ao longo do período abrangido pela prova. Ao início de cada aula, o aluno, se desejar valer-se das notas e apontamentos para consulta (cola), deverá exibir ao professor o andamento da elaboração desse material, isto para não se transformar em simples cópia momentânea, e de última hora, de material elaborado por colega. O importante do processo é justamente a elaboração progressiva da bendita e benfazeja “cola”.

Por fim, deve-se ter cuidado para que esse tradicional e folclórico saber não desapareça. Ou melhor, não só não desapareça como não perca o halo de mistério e de excitante insegurança que envolve o ato de colar.

Ora, a cola é patrimônio da juventude estudantil!

Valendo-se da rima, já proclamaram:

“LIBERE A COLA E SALVE A ESCOLA!”




Passos

Pedro Junqueira.



1 – Descartes – René. Discurso sobre o Método. Hemus Ed.
Trad. De Márcio Pugliesi et al., da Universidade de S.paulo.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

objeto direto preposição posvérbio

A característica fundamental do objeto direto não é a ausência de preposição conectando-o ao verbo.
Fundamental é poder ser representado por um pronome oblíquo átono de acusativo que, na terceira pessoa, reveste-se de formas próprias e privativas, tanto no singular quanto no plural.

domingo, 29 de maio de 2011

sujeito oculto

Sujeito oculto.
Segundo o Prof.Bechara afirma "não se pode falar, a rigor, de elipse do sujeito, quando aparece apenas o núcleo verbal da oração (Estudo, Brincamos), ja que ele aparece sempre presente na forma verbal flexionada no morfema que representa o sujeito gramatical..."
Não há, pois, para o mestre, o chamado sujeito oculto. Ele está presente na desinência verbal.
Discordamos. O sujeito, como termo que designa o ser, terá que ser representado por substantivo ou pronome. A desinência não é "termo" que designa o ser. Em segundo lugar, o sujeito subordina o verbo. Já a desinência, como determinante, é elemento subordinado.

domingo, 10 de abril de 2011

vozes verbais

Voz Verbal
1) Rocha Lima, é o acidente que expressa a relação entre o processo verbal e o comportamento do sujeito” Eis as vozes:
a) ATIVA: em que o sujeito é o agente do processo indicado pelo verbo:O prisioneiro fugiu.Um incêndio destruiu o prédio.
b) PASSIVA: Em que o sujeito é paciente do processo verbal.
c) REFLEXIVA: O sujeito pratica e sofre a ação.
Desmoralizado, o ditador matou-se.

d) VOZ RECÍPROCA: há mais de um sujeito, sendo que um pratica a ação verbal sobre outro.
Os colegas se abraçaram.
Os noivos se amam.
Nós nos cumprimentamos.


2) Para o professor Evanildo Bechara, que é craque no assunto, as vozes verbais determinam “a relação entre o acontecimento comunicado e seus participantes. O primeiro participante lógico, o sujeito, pode ser agente do acontecimento (voz ativa) ou paciente do acontecer (voz passiva).” (

3) Enéas Martins de Barros
“Voz é a categoria gramatical que diz respeito à orientação de relação predicativa, isto é, à relação entre sujeito, complemento e predicado.”
Enéas Martins de Barros.

4) Lindley Cintra e Celso Cunha:
“O fato expresso pelo verbo pode ser representado por três formas:
a) Praticado pelo sujeito (voz ativa);
b) sofrido pelo sujeito (voz passiva);
c) praticado e sofrido pelo sujeit6o (voz reflexiva)

Como se vê, todos têm como referência o sujeito.

Voz Verbal (agora com e sem sujeito)

Categoria gramatical que apresenta o processo em si mesmo ou referindo-se ao sujeito, como agente, paciente ou, a mesmo tempo, agente e paciente, com ou sem depoência.

a) Processo em si mesmo - voz média impessoal
b) sujeito como agente - voz ativa
c) sujeito como paciente - voz passiva
d) suj. como agente e paciente - voz média reflexiva e recíproca
e) voz depoente ativa - forma ativa e sentido passivo
f) doz depoente passiva - forma passiva e sentido ativo


Em

a) Chove
b) Carlos comprou o carro
c) O carro foi comprado por carlos
d) Carlos feriu-se (média reflexiva) – eles se abraçaram (média recíproca)
e) Carlos levou um tiro – depoente ativa
f) Ele veio almoçado/ é um homem viajado – depoente passiva.

Categoria – classe em que se dividem as ideias ou os termos, assim

“voz”, como categoria gramatical, é uma espécie do gênero significação gramatical, como o é o gênero, o número, a pessoa, o tempo, o modo.

Temos também categoria que não é gramatical, a lexical, por exemplo:
O substantivo, o adjetivo, o verbo, o numeral

vozes verbais