“Obs.
1 - Há um outro tipo de orações subordinadas, formalmente idênticas às
substantivas conexas: conjunção integrante ou verbo no infinitivo
precedidos(sic)* de preposição:
'já
era tempo [de que te emendasses]'; 'Já era tempo [de te emendares].';
'É
significativo o fato [de que ele não tenha protestado].'
Em face dos exemplos, leciona:
“A 1ª e a 2ª parecem-nos adverbiais de
fim; a 3ª, adjetiva.”
Prossegue:
“Não nos parecem completivas nominais,
dada à natureza não transitiva dos substantivos a que se ligam: correspondem
antes, pela função, a adjuntos adverbiais e adnominais formados de preposição
mais substantivo. Rigorosamente, portanto, têm o valor de locução adverbial ou
adjetiva, com núcleo substantivo(sic),
motivo da sua identidade formal com as substantivas. Mas como a classificação
há de ser funcional, devem, a nosso ver, ser arroladas entre as adverbiais e as
adjetivas.”
A 1ª e a 2ª de que fala o autor são
“de
que te emendasses” e “de te emendares”
Não me parece que sejam adverbiais,
pois não são orações determinantes do conectivo verbal “era” da denominada oração
principal. São determinantes do predicado “era tempo”, cujo núcleo é o
substantivo “tempo”, e não o verbo de ligação “era”. Reitere-se, ainda
que ociosamente, que “era”
é um conectivo verbal. A sua parte conectiva não entra na determinação. As
orações determinantes alcançam na sua totalidade o substantivo “tempo”.
Quanto ao conectivo verbal, se se
alcançasse ele, alcançá-lo-ia apenas no
que ele tem de verbo: o tempo e o modo. Nada além, uma vez
que não é ofício do advérbio determinar
conectivo.
Voltemos o foco para a transitividade
ou não do substantivo “tempo”, que pode lançar reflexo na
classificação das orações subordinadas.
Quando se diz a um interlocutor:
- “é ou era tempo”, a pergunta que vem
dele, interlocutor, é:
-“tempo de quê?”. O interlocutor
constrói a resposta partindo do substantivo “tempo”. Nunca
partindo do verbo de ligação “é”:
“é de quê?”. No máximo, “é tempo de quê?”. A
pergunta razoável não dispensa o
substantivo “tempo”.
Logo, a subordinada, como determinante,
está estreitamente ligada ao seu determinado, que outro não é senão o
substantivo “tempo”.
O Prof. Gama Kury afirma ser intransitivo. Diz ele, ipsis
verbis: “Não nos parecem completivas
nominais,. dada à natureza não transitiva
dos substantivos a que se ligam”.(Destacamos). Os substantivos são “tempo”
e “fato”;
“tempo”
do primeiro exemplo e “fato” do segundo.
O mestre conclui afirmando que a oração
subordinada não pode ser completiva nominal porque o substantivo “tempo”
não é transitivo.
Vem agora a pergunta: a transitividade
do substantivo não seria relativa, e não absoluto, assim como o é a dos verbos?
Quanto aos verbos, já nem se fala em
verbo intransitivo ou transitivo. Fala-se no emprego intransitivo ou não. Como
exemplo, podemos citar os verbos fumar,
trabalhar, estudar, morrer, viver, etc.:
1) Marcos fuma (tem o vício de fumar);
2) Paulo trabalha (é trabalhador);
3) Túlia estuda (é estudante);
4) O soldado morreu (já não vive);
5) Cícero ainda vive (está vivo).
Por outro lado:
a) Marcos fuma cigarro de palha;
b) o marceneiro trabalha a madeira;
c) Túlio estuda piano;
d) Túlia morreu morte santa;
e) Marcos vive vida digna.
De 1 a 5 os verbos são intransitivos;
já de a a e os mesmos verbos são transitivos.
Será que essa prerrogativa é só dos
verbos ou os nomes também gozam dela?
Salvo melhor juízo, acreditamos que o mesmo pode-se
dar com o nome substantivo.
Que digam os sábios da escritura!