sábado, 9 de agosto de 2014

INTERTEXTUALIDADE



PRESSUPOSTOS – o conhecimento do texto.

Noção de texto  - Ingedore et alii

I

a) O berço da intertextualidade é a Teoria Literária – primórdios: década de 60
b) Cada texto é constituído de intertexto “numa sucessão de textos já escritos ou
    que ainda serão escritos. Kristeva – apud ingedore.
c) a intertextualidade entre na composição do objeto da Lingüística Textual
d) Assim um texto está sempre  em diálogo com outro texto. É o postulado dialógico de
    Bakhtin – do texto fazem parte outros textos que lhe deram origem. É o contexto.
7e) A intertextualidade em sentido amplo é o dialogismo intertextual. Um texto está    
    sempre em contato com outro texto. Não há texto. Há contexto – “nihil novi sub soli” – já dizia Salomão

II

a) Conforme Ing, o conceito de texto passou por várias transformações, conforme as
     perspectivas de cada momento.
b) Década de 60 – Não se fazia distinção clara entre coesão e coerência.

                                               PRESSUPOSTOS DA INTERTEXTUALIDADE

a) Conceito de intertextualidade;

b) pressuposto da intertextualidade – o texto e o discurso.

c) pressupostos do texto: codificação + enunciação ou ato ilocucional

d) requisitos do discurso: decodificação + repertório (conhecimento do mundo)

d) conceito de texto – é o produto da enunciação, ou codificação com enunciação
                                    manifesta ou  velada.

e) a intertextualidade velada e manifesta: a enunciação manifesta ou velada é que vai
                                               produzir a intertextualidade clara ou  latente 

f) a importância do repertório.


1 - O QUE É INTERTEXTUALIDADE?

                                               Tem-se definido a intertextualidade com sendo o diálogo de um texto com outro texto. É o dialogismo. Mikhail Bakhtin define como sendo  o processo de interação entre textos. Ineração, ação entre,  Textos agindo entre si.

                                               Não me parece boa a definição. Ora, um texto não dialoga com outro texto. Não age nem reage um em face do outro. O que acontece é que os textos, em convívio, formam uma trama textual, resultando num tecido, que nada mais é que um contexto, ou seja, texto mais texto, ou,  melhor ainda, texto com texto. O resultado é o CONtexto.

                                               Ressaltando a trama, a urdidura ou o urdume do tecido textual, pode-se, em vez de COM, que aparece em CONtexto, optar pelo prefixo INTER,  com o sentido fundamental de ENTRE, NO MEIO DE, e teremos o INTERtexto, cuja resultante é a INTERtextualidade.

                                               Melhor seria dizer que a intertextualidade é a presença ou a revelação, ainda que tênue,  de elementos de um texto em outro texto, isto é,  a trama intertextual – a trama urdida entre textos.  A intertextualidade implica, pois, na identificação ou  no reconhecimento de remissões ou referências,   explícitas ou implícitas, num texto,  a obras ou trechos de obras constitutivas de outro texto. Como já se disse acima e não é demais repetir, m A própria palavra intertextualidade diz tudo – relação entre (inter) textos.
                                               Resumindo: A intertextualidade é texto mais texto, ou texto entre texto,  formando uma trama textual.

                                               Com maior economia  fabular:
                                  
                                   intertextualidade é a interação velada ou                                         revelada  entre textos.

2) – TEXTO E DISCURSO

                                      Impossível discorrer sobre contexto, textualidade ou intertextualidade, sem noções básicas e claras do que seja texto, discurso e repertório.

                                                Ora, o texto, como componente da intertextualidade, como seu pressuposto, é sua matéria prima – a textualidade se compõe de texto.

                                               O que é  texto? É a pergunta que se faz.

                                               Em princípio, todos sabem que o étimo da  palavra texto é o latim textum, que significa tecido, entrelaçamento.  O texto resulta de um trabalho de tecer, de entrelaçar os fios, cujo resultado é o tecido.  Esse é sentido etimológico. Interessa-nos, contudo, aqui, não apenas o sentido lingüístico-diacrônico, mas o sentido linguístico-literário.


                                               Tem-se definido texto das mais diversas maneiras:

                                               Fávero e Villaça Koch concluem que é lícito tomar o termo texto em  dois sentidos: um lato e o outro restrito.
                                               “Texto, em sentido lato, designa toda e qualquer manifestação da capacidade textual(sic)1 do ser humano.”  Fávero et al.2
                                                              

                                               E aí se incluem as manifestações verbais, musicais, pictóricas; a dança, a escultura; enfim.toda manifestação especificamente comunicativa ou etimologicamente comunicativa, i.é, que ativa universos interiores   comuns:                                                               COMUNicar.

                                               As autoras, antes de conceituar  texto, no sentido estrito, amarram-no ao discurso:  “Em se tratando da linguagem verbal, temos o discurso, atividade linguística de um falante, numa situação de comunicação dada, englobando o conjunto de enunciados produzidos pelo locutor (ou por este e seu interlocutor, no caso do diálogo) e o evento de sua enunciação. O discurso é manifestado, linguisticamente, por meio de textos (em sentido estrito).”1    Segue-se e conceito de texto:

                                               “Neste sentido, o texto consiste em  qualquer passagem.falada ou escrita, que forma um todo significativo, independente de sua extensão. Trata-se de uma unidade de sentido...”1

                                               O destaque dos dois parágrafos supra é nosso.

                                               Ressalte-se que o  intertexto, que compõe a intertextualidade, pode não formar, isoladamente, um todo significativo, como pode também não se tratar, por si só, de uma unidade significativa.  Esse todo significativo, ou essa unidade de significação, será alcançada no contexto em que o intertexto está inserido.

                                               De se notar que a  amplitude da noção de texto tem levado os autores mais preocupados com o rigor de expressão a traçar os contornos dentro dos quais    será tomado o sentido da palavra texto. Assim, Travaglia e Villaça Koch, em Coerência Textual, pág. 8 da nota introdutória:
                                               “Finalizando, gostaríamos de deixar claro o sentido com que estaremos empregando o termo texto.” E expõem:
                                               “Texto será entendido como uma unidade linguística concreta (perceptível pela visão ou audição), que é tomada pelos usuários da língua (falante, escritor/ouvinte, leitor), em uma situação de interação comunicativa reconhecível e reconhecida, independentemente de sua extensão.”2

                                                               O intertexto que compõe a intertextualidade pode não se revelar como uma “unidade linguística”. Pode ser um fragmento que irá compor a unidade maior – o contexto.
                                              


                                              

                                              

Texto é, então, uma sequência verbal (palavras), oral ou escrita, que forma um todo que tem sentido para um determinado grupo de pessoas em uma determinada situação.

1 Não é boa técnica inserir na definição o termo definido: texto/textualidade
2. Linguuística Textual: Introdução.
   Fávero – Leonor Lopes e Villaça Koch – Ingedore  G. - Cortez. São Paulo. 1983.
   Pág.   25.
3. A Coerência Textual.
    Ingedore Villaça Koch e Luiz Carlos Travaglia.Contexto, 2008




A intertextualidade latente

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