sexta-feira, 2 de abril de 2010

HIPÔNIMO E HIPERÔNIMO

HIPÔNIMO E HIPERÔNIMO


São exemplos dos helenismos tão comuns na nomenclatura científica.

Na realidade, hipônimo e hiperônimo nada mais são que denominações sofisticadas para gênero e espécie, através dos prefixos HIPER e HIPO, com a idéia de excesso e de escassez.

Falar contudo HIPERÔNIMO e HIPÔNIMO impressiona. GÊNERO e ESPÉCIE não impressionam, mesmo que o nome se preste mais para encobrir a idéia do que para explicitá-la. Como diria Olavo Bilac: “A palavra pesada abafa a idéia leve/Que perfume e clarão refulgia e voava!”

Geir Campos, no seu Dicionário de Termos Poéticos não trata do assunto, mesmo porque “hipônimo” e “hiperônimo” nada têm de poético. Servem mais para xingar e para nomes de doença: “Hiperônimo prostático”, “hipônimo maligno”.

Mattoso Câmara também, no seu consagrado Dicionário, silencia sobre os termos.

Zélio dos Santos, no seu Dicionário de Lingüística, remete o “hiperônimo” para o “hipônimo”, no qual passa apenas de raspão: “Palavra cujo sentido está incluído noutro mais amplo”. Nada além.

Dubois (Jean) - Dicionário de Lingüística, no verbete HIPONÍMIA, trata do “hipônimo” e do “hiperônimo”. Ensina ele que o termo HIPONÍMIA designa uma relação de inclusão, aplicada não à referência, mas ao significado das unidades lexicais em questão.

Ainda no magistério de Dubois, leciona o Professor da Universidade de Paris que a HIPONÍNIA está ligada à lógica das classes: assim “cão” mantém com “animal” certa relação de sentido; há inclusão do sentido de “cão” com o sentido de “animal”; diz-se que “cão” é um HIPÔNIMO de “animal”.

Do mesmo modo, “animal” é mais inclusivo do que “cão” no que toca à classe dos referidos (animal aplica-se a gato, coelho, etc.), mas cão é mais inclusivo do que “animal” no que toca aos traços de compreensão. É natural, uma vez que o universal é menos compreensivo do que o particular. É um princípio de lógica: o que se ganha em extensão perde-se em compreensão.

O HIPERÔNIMO é mais extenso do que o HIPÔNIMO. Menos compreensivo, portanto.

Dubois fala ainda no CO-HIPÔNIMO. E diz, em francês, consideram-se “oeilet de Nice” - cravo de Nice - e “tulipe noir” como HIPÔNIMOS de “oeilet e tulipe”. Da mesma forma, CO-HIPÔNIMOS como “bicyclette”, “moto(cyclette), vélomoteur” (bicicleta com motor), não tiveram arquilexema (genérico superordenado). Acabou-se por criar “deux -roues” (duas rodas). Segundo entendi, “duas rodas” passou a ser o HIPERÔNIMO daqueles CO-HIPÔNIMOS. Caso contrário, teríamos a orfandade do CO-HIPÔNIMOS.

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